O corpo exerce um enorme fascínio sobre mim desde que eu era criança. Eu me
lembro que não conseguia entender como a comida desaparecia dentro da boca. O
que acontecia com ela e para onde ela ia? Como é que o nariz conseguia discriminar
os cheiros diferentes que entravam nele? Os olhos e a visão eram outro mistério. Como
é que as imagens entravam pelos olhos? Como era possível ver formas e cores? Por
que eu via uma situação que me dava medo e outras pessoas não tinham a mesma
percepção que a minha?
Quantas vezes eu me peguei tentando compreender como o ar entrava e saia pela
boca e nariz. Além disso, eu via que o peito e a barriga se moviam quando eu respirava.
Eu queria saber como é que o ar entrava e se misturava com a comida lá dentro.
E quanto mais eu descia para baixo do corpo, mais eu ficava curioso. O umbigo servia
para que? Por que a barriga fazia barulhos estranhos? Por que alguns eram magros e
outros gordos? Por que algumas pessoas comem muito e outras nem sequer gostam
de comer?
E o que sai do corpo? A urina e as fezes eram outros elementos que criaram muitas
fantasias. Além disso, por que os meninos tinham um pintinho e as meninas não?
Por que algumas coisas eram proibidas e feias? Por que os adultos não falavam
sobre alguns temas que as crianças perguntavam?
Nessa mesma jornada vinham os sons dos pais por trás das portas trancadas e a
curiosidade do que eles faziam lá dentro. Tem também a gravidez que era fonte de
muitas dúvidas e fantasias . Por que o bebê fica dentro da barriga da mãe, mas não
na do pai? Como é que o bebê foi parar lá? E mais curioso ainda, por onde ele sai? O
meu mundo da infância foi repleto de curiosidade, fantasias e surpresas.
Mas havia outras dinâmicas corporais que me chamavam a atenção. Muitas
vezes eu via minha mãe com expressões faciais e corporais de raiva, dor, medo,
desaprovação, alegria, tristeza, nojo, felicidade entre inúmeras outras, mas, ao
mesmo tempo, falava algo completamente diferente do que manifestava. E não
era só ela, todos os adultos que me cercavam também faziam o mesmo. Chegou
um momento onde eu comecei a duvidar daquilo que eu via e tentava acreditar
naquilo que eu ouvia.
Formato do Livro: Livro Físico
Editora: Editora IBRACS
Data da publicação: 2023
Idioma: Português
Dimensões: 23 x 16 x 3
Número de páginas: 234 páginas
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